Síntese comparativa
Em princípio, todos os textos apresentam uma definição de Filosofia. No texto “O que é Filosofia e Por que vale a pena estudá-la” pode-se observar que A. C. Ewing deixa claro que “Uma definição precisa do termo” filosofia “é impraticável. Tentar formulá-la poderia, ao menos de início, gerar equívocos. Com alguma espirituosidade, alguém poderia defini-la como” tudo e nada, tudo ou nada...". Melhor dizendo, a filosofia difere das ciências especiais na medida em que procura oferecer uma imagem do pensamento humano [...]”. Já o texto “Filosofia”, escrito Anthony Quinton, nos traz as seguintes palavras: “A maioria das definições de filosofia é razoavelmente controversa, em particular quando são interessantes ou profundas”, e utiliza duas acepções distintas, uma minimalista e outra pormenorizada, porém incontroversa e abrangente, para evidenciar tal fato. E no texto “O que é Filosofia, professor? E para que serve?”, o professor doutor Delamar José Volpato Dutra não mostra uma definição do termo, mas do que se trata Filosofia ao afirmar que: “A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas”, além de não ocultar o fato de que entre Filosofia e Ciência há uma separação, algo que mais tarde A. C. Ewing também fez, mas que nem sempre foi assim, “No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição filosófica “.
Outro ponto importante a ser analisado é que tanto Anthony Quinton como o professor doutor Delamar José Volpato Dutra usam a primeira proposição filosófica, segundo Nitszche, criada por Tales de Mileto, para indicar em qual momento talvez a Filosofia teria surgido, “tudo é água” ou “[…] a água é o princípio de todas as coisas”, e que A. C. Ewing prefere não utilizar a mesma afirmativa, porém, procura enfatizar como é a relação entre o homem e a filosofia: “Recusamo-nos a considerar filosóficas as questões cujas respostas podem ser dadas empiricamente”.
Mais adiante A. C. Ewing e o professor doutor Delamar José Volpato Dutra, respectivamente, destacam em seus textos a função ou utilização da Filosofia.
“Em razão da impossibilidade de abarcar, hodiernamente, todo o âmbito do conhecimento humano, parece mais plausível pensar numa restrição temática à Filosofia, deixando-a tratar de certos temas […] No entanto, o tratamento desse âmbito específico continua a manter ao menos uma função geral, a qual pode ser considerada de forma extremada ou de forma mais modesta”. Profº Dr. Delamar José Volpato Dutra.
“Há uma questão que muita gente formula de imediato quando ouve falar de filosofia: qual a utilidade da filosofia? Não há certamente expectativa alguma de que ela contribua para a produção de riqueza material. Contudo, a menos que suponhamos que a riqueza material seja a única coisa de valor, a incapacidade da filosofia de promover esse tipo de riqueza não implica que não haja sentido prático em filosofar”. A. C. Ewing.
No entanto, o professor doutor delamar José Volpato Dutra utiliza para exemplificar mais claramente seus argumentos uma divisão criada por Habermas, que consiste em concepções definidas por Kant, Rorty e a sua própria, ou seja, Habermas.
“Kant, dentro do fundamentalismo da teoria do conhecimento[…]É a função de indicador de lugar […]a Filosofia é concebida como um tribunal, exercendo o papel de juiz, a partir de seu lugar privilegiado, de onde detém os fundamentos e dita leis. Rorty, por sua vez, desconfia desse conhecimento privilegiado que a Filosofia possa ter. Por isso, "abandonar a noção do filósofo que conhece alguma coisa acerca de conhecer o que mais ninguém conhece tão bem seria abandonar a noção de que a sua voz tem sempre um direito primordial à atenção dos outros participantes na conversação. Isto implica no abandono de que o filósofo possa decidir quaestiones juris. A tese de Rorty é, portanto, relativista […] Já, Habermas propõe a função de guardiã de racionalidade no lugar da função de indicador de lugar. Ou seja, a Filosofia seria uma espécie de defesa da racionalidade contra o relativismo extremado. Por outro lado, função de juiz seria substituída pela de intérprete, na medida em que faria uma mediação entre os saberes especializados e o mundo vivido”.
E A. C. Ewing parte para um contexto que compara a Filosofia com os bens produzidos pela industria.
Os textos “O que é Filosofia e por que vale a pena estudá-la” e “O que é Filosofia, professor? E para que serve?“ também nos mostram uma perspectiva em relação ao método da Filosofia, que concordam quando afirmam que Filosofia e Ciências são coisas distintas uma da outra.
Embora os três autores apresentem a metafísica, a epistemologia e a ética como disciplinas filosóficas, o professor Delamar José Volpato Dutra se limita a apenas citá-las enquanto seus dois colegas fazem uma maior referência às mesmas. Anthony Quinton em praticamente todo seu texto nos conduz as explicações sobre estas.
“A metafísica dispõe de meios diversos para lidar com um tópico que, apesar de já formulado, de modo algum é claro: a natureza geral do mundo. O primeiro consiste em recorrer a demonstrações puramente racionais[…]A questão fundamental da epistemologia, mas talvez não a mais interessante, é a definição de conhecimento […]A terceira e última grande subdivisão da filosofia é a ética, ou teoria dos valores; o seu objetivo consiste no exame crítico e racional do pensamento acerca do modo como nos conduzimos na vida. A ação, em contraste com o comportamento, é entendida como o produto de uma escolha[…]”
Já o autor A. C. Ewing se detém em oferecer um subtítulo somente para metafísica, “A tentativa de excluir a metafísica em face da objeção de que mesmo a filosofia crítica a pressupõem”, e um que trate das outra duas disciplinas, “Filosofia e disciplinas afins”. O Ceticismo também é um tema abordado de forma mais ampla por A. C. Ewing do que por Anthony Quinton, uma vez que não foi nem citado pelo professor doutor Delamar José Volpato Dutra. Temas como: “Filosofia e Psicologia”, “Filosofia e Ciências Especiais” e “Filosofia e Sabedoria Prática” São alvos De A. C. Ewing, mas não dos outros autores.
Por fim, Anthony Quinton e A. C. Ewing terminam seus textos com palavras diferentes, mas que possuem o mesmo contexto.
“As partes estabelecidas da filosofia foram já mencionadas, mas não existem limites evidentes para o seu campo de aplicação. Sempre que nos deparamos com uma ideia cujo significado é de algum modo indeterminado ou controverso, se os enunciados onde ocorre parecem dificilmente sustentáveis ou mantêm com outras crenças comparativamente mais claras relações lógicas obscuras, deparamo-nos ainda com uma oportunidade para refletir filosoficamente”. Anthony Quinton.
“A filosofia não é garantia de nossa conduta correta ou do perfeito ajustamento de nossas emoções às nossas crenças filosóficas. Nem mesmo do ponto de vista cognitivo é ela capaz de nos dizer o que devemos fazer. Para isso, precisamos, além de princípios filosóficos, não só do conhecimento empírico dos fatos relevantes e da capacidade de prever as prováveis conseqüências, mas também de um insight da situação particular, de maneira a podermos aplicar adequadamente nossos princípios. Obviamente, não é minha intenção afirmar que a filosofia não contribui para vivermos uma vida exemplar, mas apenas que não pode por si só levar-nos a viver de modo exemplar nem decidir o que seja esse tipo de vida. Insisto, entretanto, em que ela pode, a esse respeito, pelo menos proporcionar valiosas sugestões”. A. C. Ewing.
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