O Homem se caracteriza a partir de diferentes e diversas dimensões, mas não se limita a eles Uma dessas dimensões, talvez uma das mais amplas e complexas para o entendimento seja a cultura. Vamos, portanto discutir essa o dimensão ou característica que expressa o sentido da produção humana.
O Homem não se limita ao mundo natural; ele o transcende e o transforma. Transcende porque tem expectativas que não se limitam ao mundo como ele se apresenta e nem à sua materialidade. Transforma porque o recria constantemente, imprimindo sua marca: a marca da cultura. Em razão disso é que dizemos que o Homem se humaniza produzindo seu mundo, gerando sua marca cultural ou as diferentes manifestações culturais. Ou seja, diferentemente de outros seres, o humano se autoproduz reproduzindo o meio que o circunda; recria o mundo natural e o já criado, criando novo significado e novas formas de aproveitamento das realidades já existentes.
Esse processo de refazer e ressignificar é um dos traços culturais. A cultura é um dos traços definidores do Homem, ao ponto de se poder dizer, como num trocadilho, que “por natureza o homem é um ser cultural” (RABUSKE, 1999, p. 56). Isso mostrar que embora haja diferença entre o que é natural e o cultural que o cultural por ser tão próximo lhe é quase essencial. Com a ressalva de que é natural, ao ser humano, produzir cultura. Por isso:
“Convém não atribuir à natureza o que diz respeito à cultura; ou seja, não considerar como universal o que é relativo. Essa compreensão da irredutível diversidade das culturas – que é o eixo central da antropologia cultural – aparece ao mesmo tempo: 1) ao nível dos traços singulares dos comportamentos 2) ao nível da totalidade da nossa personalidade cultural”. (LAPLANTINE, 2000, p. 123)
O homem é um ser cultural, mas a cultura não é tudo no ser humano. A cultura, essa capacidade re-criadora, permite ao Homem re-produzir o mundo dinamizando a existência dos existentes. O fato de estar sempre criando ou re-criando sua obra ou suas manifestações faz da cultura uma das marcas mais tipicamente humanas, pois é principalmente pela sua capacidade de recriar o mundo e as manifestações culturais que o homem se diferencia dos demais existentes: por ser cultural deixa de ser apenas homo para ser sapiens. Assim o “homo sapiens” se manifesta com outras habilidades e passa a ser “homo culturalis”. E a capacidade de criar e recriar, fazer e refazer lhe permite ser chamado de “homo faber” (MONDIN, 1982), pois entre outras a capacidade de produzir cultura possibilita a recriação. O Homem que se entende como sabedor de si ou consciente (por isso sapiens), produz o mundo (por isso é faber) circundante e aquilo de que tem necessidade para melhor se situar nesse mundo. A consciência de sua capacidade produtiva e criadora, juntamente com sua criação é o que determina sua dimensão cultural (por isso culturalis).
Além disso, e do ponto de vista de sua distinção em relação aos demais existentes, afirma-se que “apenas a noção de cultura, ao contrário da de sociedade, é estritamente humana” (LAPLANTINE, 2000, p. 120). Ou mais: apesar de nossas semelhanças com os demais animais, também existem diferenças relevantes e a cultura está entre elas.
“Entre nós e os animais da Terra há muitas semelhanças biológicas, genéticas e mesmo psicológicas. Por isso, mesmo sem possuirmos por enquanto uma linguagem comum, em boa medida nós nos entendemos. Mas há também diferenças relevantes, e uma delas é essencial. Podemos chamá-la de cultura. E no caminho percorrido em larga escala por eles e nós, mas que de um ponto cm diante se divide e nos leva por trilhas diferentes em direção – quem sabe? – de um mesmo horizonte, a experiência da cultura é toda a diferença”. (BRANDÃO, 2008, 27)
Vários outros seres podem ser produtivos ou sociais, mas só o humano é cultural, por ser capaz de, consciente e intencionalmente, reproduzir o seu mundo que só existe para o Homem como manifestação cultural. O mundo, não existe em si mesmo, mas por assim ser entendido pelo Homem. A natureza e as demais realidades existentes e que não dependem da vontade ou ação humana recebem sentido, tornam-se mundo, porque recebem significação do Homem manifestando-se como mundo humano e, portanto cultural.
É necessário destacar, entretanto, que o conceito cultura não é exclusivo da antropologia. Na medida em que outras ciências se utilizam desse conceito cresce a consciência da necessidade de um “diálogo” (COUCEIRO, 2002) entre historiadores, antropólogos, sociólogos, e outros cientistas para “construir uma nova idéia de cultura”. Essa necessidade se fundamenta na crescente polêmica que envolve esse conceito. A existência da polêmica indica a existência de discordância, por isso a necessidade do diálogo visto ser esse um “conceito polêmico, ampliado e transformado ao longo de décadas por antropólogos, historiadores e intelectuais em geral, a noção de cultura continua sendo alvo de discussão e reelaborações, gerando dificuldades e imprecisões” (COUCEIRO, 2002, p. 15). Isso implica dizer que até a idéia de cultura é um elemento que o Homem vem reelaborando e transformando
A autora, a partir da história da cultura, continua tecendo seus comentários, dizendo que os teóricos têm sugerido a utilização não de cultura, mas de culturas, por causa dos
“Perigos da utilização do termo cultura no singular, enfatizando a impossibilidade de unir de forma harmônica e generalizante as manifestações culturais das várias esferas da sociedade. Cultura deveria, portanto, ser um termo empregado no plural, já que não se constitui num complexo unificado coerente, mas sim, num conjunto de ‘significados, atitudes e valores partilhados e as formas simbólicas (apresentações, objetos artesanais) em que eles são expressos ou encarnados’, que são construídos socialmente, variando, portanto, de grupo para grupo e de uma época a outra”. (COUCEIRO, 2002, p. 15).
Essa, entretanto, não será nossa preocupação. Mesmo porque, como diz Brandão (2008, p. 35), “com o olhar da vocação multicultural, compreendemos que as culturas humanas são diferentes, mas nunca desiguais. São qualidades diversas de uma mesma experiência humana”. Não pretendemos conceituar cultura, pois deve haver mais de uma centena de conceitos e definições (LAPLANTINE, 2000). Nem, tampouco pretendemos analisar as diferentes manifestações culturais apenas nos colocamos a indagação: como caracterizar a cultura? Como ato humano. Como caracterizar o ser humano? Como ser capaz de produzir as diferentes manifestações culturais.
No cotidiano das pessoas a palavra cultura nem sempre tem o mesmo significado que recebe no meio acadêmico ou científico. Se conversarmos com as pessoas na rua, em seus ambientes de trabalho veremos que elas se referem à cultura relacionando-a às artes, à literatura, à escolarização. Veremos que as pessoas dizem que arte é cultura, que elas e referem à cultura literária e até mencionam nomes de livros. É comum ouvirmos dizer que “fulano é muito culto” ao se referir a uma pessoa que freqüentou escolas, graduou-se e é dedicado à leitura e ao estudo. Não vamos dizer que essas não sejam manifestações da cultura, mas também não podemos deixar de dizer que essa forma de conceber a cultura é uma manifestação cultural. A partir desse ponto de vista, que está presente no cotidiano da maioria das pessoas, a cultura aparece como algo “do outro”, da pessoa ilustrada, do artista... raramente as pessoas se vêm como agentes da cultura, ou agentes culturais. De acordo com essa visão, a afirmação da cultura é a afirmação do “outro” e a negação do “eu”, pois o outro é capaz de cultura e eu, por ser menos escolarizado não produzo e nem estou no meio da cultura. “No Brasil a idéia de cultura (Pelo menos a denominada ‘cultura de verdade’ ou a ‘alta cultura’) remete para um conjunto de bens materiais e imateriais possíveis de ser apropriado e elaborado por uma minoria, uma Elite endinheirada” ( SILVA, 2008, p. 7). Essa forma negadora da própria capacidade cultural, da proporia cultura, pode ser visto como um elemento cultural. Podemos dizer que é um elemento cultural o fato de raramente as pessoas se sentirem produtoras e mantenedoras da cultura[2].
Em razão disso é que podemos dizer que entender o Homem como capaz de produzir cultura implica dizer que ele, entre outras coisas, se diferencia dos demais existentes por ser capaz de agir no mundo, não só como ser social, o que só é possível na relação com outros humanos, mas como ser criativo, o que pode ocorrer mesmo sem relações sociais – a solidão pode ser mais motivadora de atos criativos do que a balburdia do grupo. Por isso que a vida social é, antes cultural.
“Essas formas de comportamento e de vida em sociedade que tornávamos todos espontaneamente por inatas (nossas maneiras de andar, dormir, nos encontrar, nos emocionar, comemorar os eventos de nossa existência...) são, na realidade, o produto de escolhas culturais. Ou seja, aquilo que os seres humanos têm em comum é sua capacidade para se diferenciar uns dos outros, para elaborar costumes, línguas, modos de conhecimento, instituições, jogos profundamente diversos; pois se há algo natural nessa espécie particular que é a espécie humana, é sua aptidão à variação cultural”. (LAPLANTINE, 2000, p. 22, grifos nossos).
Em outras palavras Mello (1982), reforça a afirmação da capacidade não só criativa, como da intencionalidade do ato humano que é uma ação distintiva. Por isso que o ninho do passarinho ou um favo de abelhas nunca serão cultura, por mais belos e bem construídos que sejam. Ao passo que qualquer obra humana, mesmo que feia ou mal feita, além de ato cultural é resultado da intencionalidade e está recheada de cultura.
“Na realidade, a acultura, em sentido largo, é o conjunto de obras humanas. É a cultura que distingue o homem dos outros animais. Por mais perfeito que seja um ninho de passarinho, pouco representa como realização comparado com qualquer objeto feito pelo homem. A diferença está, ao nosso ver, na inconsciência que domina a atividade animal e na consciência que está presente ao ato humano”. (MELLO, 1982, p. 41)
Deve-se reforçar que os atos humanos, além de carregados de intencionalidade, e de consciência recebem, também, uma dimensão simbólica e ritual. Ou seja, o Homem cria significados para o que faz e para o que cria.
“Existem sociedades animais e até formas de sociabilidade animal, que podem ser regidas por modos de interação antagônicas ou comunitárias, bem como de modos de organização complexos (em função das faixas de idade, dos grupos sexuais, da divisão hierarquizada do trabalho...). Indo até mais adiante, existe o que hoje não se hesita mais em chamar de sociologia celular. Assim, o que distingue a sociedade humana da sociedade animal, e até da sociedade celular, não é de forma alguma a transmissão das informações, a divisão do trabalho, a especialização hierárquica das tarefas (tudo isso existe não apenas entre os animais, mas dentro de uma única célula!), e sim essa forma de comunicação propriamente cultural que se dá através da troca não mais de signos e sim de símbolos, e por elaboração das atividades rituais aferentes a estes. Pois, pelo que se sabe, se os animais são capazes de muitas coisas, nunca se viu algum soprar as velas de seu bolo de aniversário.” (LAPLANTINE, 2000, p. 121).
O professor C. R. Brandão (2008) assim se expressa a respeito de nossa capacidade simbólica ou da simbologia que caracteriza nossas produções culturais:
“Somos seres criadores de diferentes culturas e de tantos modos de vida culturais porque aprendemos a saltar do sinal (como a fumaça que indica o fogo) ao signo (como os movimentos da dança nupcial de alguns pássaros, ou de algumas pessoas), e deles para o símbolo. Sim, o símbolo, uma criação livre e arbitrária do imaginário e da mente humana, que inventa em uma língua chamada Português a palavra ‘fogo’, para traduzir uma mesma coisa da natureza, dita e escrita de infinitas maneiras diferentes em várias línguas. Escrita e cantada com diversos significados, conforme esteja em um livro de física, em um escrito religioso, em um manual de sobrevivência na floresta, em um livro de formação de futuros bombeiros ou no poema com que um jovem apaixonado diz á mulher amada o que ele sente dentro do coração”. (BRANDÃO, 2008, p. 31, grifos no original)
Essa dimensão da simbologia para a obra humana manifesta-se, por exemplo na diferenciação da habitação. Desde que as abelhas aprenderam fazer suas colméias, as aves seus ninhos, as aranhas suas teias e as formigas seus formigueiros, mantêm a mesma estrutura. Com o Homem é diferente. Em um prédio de apartamento ou num conjunto habitacional, que o poder da produção em série exige produção em série, podemos observar que cada morador imprime sua marca distintiva em sua habitação. Elas podem ter semelhanças, mas não são iguais. E são diferenciadas por causa das características que dão especificidade para a cultura.
Tomemos a liberdade de fazer uma longa citação das palavras do professor Brandão (2008), que nos compara aos demais existentes, mostrando a preponderância não só do ato criativo, como intencional e prenhe de capacidade transformadora e cultural. Mostra, acima de tudo, nossa capacidade de aprender. Diz ele:
“Claro, alguns bichos também lançam mão das “coisas do mundo” para criarem a sua maneira de viver em “seu mundo”. Quando os nossos primeiros ancestrais viviam a esmo e moravam em bandos em qualquer lugar, e não haviam dominado ainda o fogo, nem aprendido a habitar as cavernas, as abelhas já construíam colméias cuja sábia arquitetura até hoje nos espanta. E formigas e cupins constroem de terra e de matéria dc seus próprios corpos verdadeiras cidades quase perfeitas. E mesmo ninhos de passarinhos – olhe-os com cuidado – como o do João Congo ou a casa do João de Barro, são verdadeiros prodígios de urna engenharia natural. Mas todos os animais “construtores” fazem sempre as mesmas coisas do mesmo modo, geração após geração, corno uma extensão natural de sua biologia. Fazem assim e sempre assim, com talvez mínimas mudanças ao longo dos milênios. Eles constroem com o que a biologia dc seus corpos determina que façam.
Nós não. Nós antes não sabíamos fazer e, então, aprendemos. A espécie humana, ao longo de sua história, foi aprendendo. E cada um de nós, por sua vez, recapitula esta história em sua biografia. Porque, uma a uma, aprendemos, ao longo da infância e da vida, todas as coisas que aprendemos. Que aprendemos para ser quem somos, para viver como vivemos, para sentir e pensar o que sentimos e pensamos, para criar, fazer e transformar tudo o que a sós ou solidariamente criamos, fazemos e transformamos”. (BRANDÃO, 2008, p. 28, grifos nossos)
Até aqui já assinalamos algumas características da cultura quando dissemos que ela depende da capacidade interpretativa, re-criativa, simbólica, intencional e consciente dos atos humanos. Além disso a cultura permite ao Homem dar novo significado e novas formas às produções já existentes. Isso porque o Homem, por ser cultural, consegue fazer escolhas e perceber os rituaisque existem nas diferentes manifestações culturais. Mello (1982) faz os seguintes comentários a respeito de algumas características da cultura dizendo que ela é “simbólica” ou seja, ela recebe um significado que é “conferido por aquele que o utiliza. Este significado é arbitrário”. (MELLO, 1982, p. 47). Em razão disso ela também é “social” visto que não existem manifestações culturais isoladas. Um indivíduo pode produzir individualmente, mas essa produção passa a ter significado pelo e para o grupo quando passa a ser uma produção significativa para esse grupo.
O autor ainda fala do caráter dinâmico e estável da cultura. Seu dinamismo se manifesta no processo de recriação e a estabilidade refere-se à “tradição e a institucionalização de padrões de comportamento”. Além disso a cultura é “seletiva” pois se desenvolve dentro de “um processo que implica sempre reformulações” (MELLO, 1982, p. 53) o que corresponde àquilo que estamos chamando de capacidade re-criativa. Além disso o autor fala do caráter “universal e regional” da cultura, para afirmar que todas as sociedades possuem cultura e que ela “penetra todo o ser humano. Até a maneira de andar do homem é resultado da endoculturação” (IDEM, IBIDEM p. 54). Por fim, a caracterização desse autor mostra que a cultura é “determinante e determinada”, pois molda padrões, mas, ao mesmo tempo, sofre influências no processo de reformulação.
Em síntese, podemos dizer que a antropologia, uma ciência nova, procura apresentar uma palavra sobre o ser humano e, ao mesmo tempo, procura entender as manifestações humanas, suas criações. Da mesma forma que outras ciências, a antropologia quer entender o Homem, o que pode ser feito a partir de uma das mais claras manifestações do ser humano que é a cultura. Esse processo e produção humanos concretamente se manifestam em diferentes modalidades e com diversos rostos, mostrando as diversas faces do ser humano presentes nas criações humanas. O que implica dizer que o homem pode ser entendido não em si mesmo, mas a partir e naquilo que produz. Em resumo, só para reafirmar o que já foi dito, o homem se humaniza ao produzir o mundo; a produção do mundo, as formas de produzir e reproduzir, criar e recriar, são elementos culturais. Assim sendo o homem se humaniza não porque é diferente dos animais ou dos outros existentes, mas porque produz e se manifesta na cultura.
Referências
A BIBLIA DE JERUSALÉM. 4 reim. São Paulo: Paulinas, 1989
ANTROPOLOGIA http://www.fflch.usp.br/da/vagner/antropo.html> acesso: 18/10/2008
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Viver de criar cultura, cultura popular, arte e educação. In. SILVA, René Marc da Costa (Org). Cultura popular e educação. Brasília: Salto para o futuro/TV Escola/SEED/MEC, 2008.
CARNEIRO, Neri P. As Múltiplas Inteligências e Inteligência Musical. Disponível em Publicado em www.webartigos.com em 20/05/2008
CHARDIN, P. Teilhard. O fenômeno humano. São Paulo: Cultrix, 1986
COUCEIRO, Sylvia. Os desafios da história cultural. In. BURITY, Cultura e Identidade: perspectivas insterdisciplinares. Rio de Janeiro: DP&A, 2002
DA MATTA, Roberto. Carnaval, Malandros e Heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 6 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997
HOMERO A Ilíada, São Paulo: Europa-América. [1980?]
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. 12 reimp da 1 ed, (1988), São Paulo: Brasiliense, 2000.
MELLO, Luiz Gonzaga de. Antropologia Cultural iniciação, teoria e temas. Petrópolis: Vozes, 1982
MONDIN. Batista. Introdução à filosofia. Problemas, sistemas, autores e obras. São Paulo: Paulinas, 1981
________________. O Homem, quem é ele? Elementos de antropologia filosófica. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1982
NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal. São Paulo: Escala, [2005] (a)
________________. Crepúsculo dos Ídolos. São Paulo: Escala, [2005] (b)
RABUSKE, E. A. Antropologia filosófica 7 ed. Petrópolis: Vozes, 1999
SILVA, René Marc da Costa (Org). Cultura popular e educação. Brasília: Salto para o futuro/TV Escola/SEED/MEC, 2008.
TITIEV, Mischa. Introdução à Antropologia Cultural. 9ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2002.
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* Texto preparado como material complementar às aulas de Antropologia Cultural, ministradas aos alunos do 2º período de Administração de Empresas, da FAP, durante o primeiro semestre de 2009. Esta leitura se completa com Uma Antropologia da Cultura I e Uma Antropologia da Cultura III
Neri de Paula Carneiro - Mestre em Educação (UFMS). Especialista em Educação; Especialista em Didática do Ensino Superior; Especialista em Teologia; Professor de História e Filosofia na rede estadual, em Rolim de Moura – RO. Filósofo; Teólogo; Historiador; Professor de Filosofia e Ética na Faculdade de Pimenta Bueno (FAP). Jornalista, produtor e apresentador de programa radiofônico.
[2] No caso especifico do Brasil, valeria uma reflexão mais aprofundada o fato de não nos sentirmos agentes de nossa história e de nossa cultura, visto que, ao longo do processo colonial nosso país – a colônia – era coisa a ser explorada e região em que vivia não o outro com quem o colonizador pudesse manter relações de igualdade, mas o índio, o negro ou ambos não possuidores de autonomia e que podia ser subjugado e explorado. Mesmo o europeu que para o Brasil se dirigia, vinha em busca de riqueza, ansiando voltar logo e rico para a Europa. Essa relação desigual e dominadora, pode ter produzido a mentalidade da autonegação ou do não reconhecimento de si como agente de valores e de cultura. Também pode ser visto o estudo de Roberto DaMata (1997) sobre a prática de invocar o “sabe com quem está falando.
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