“Gastei perto de quatro anos da minha peregrinação em dois ou três rincões de mundo a procura dessa pedra filosofal chamada verdade. Li todos os adeptos da Antiguidade, Epicuro e Agostinho, Platão e Malebranche, e em pobreza estaquei, creio que em todos estes cadinhos de filósofos existiam uma ou duas onças de ouro, mas todo o resto é cabeça morta, lodo insípido que não permite germinar nada.” ( Voltaire )
Amar a Filosofia é confessar que conhecer o mundo não basta, às vezes é necessário desconhecê-lo, desesplicá-lo, desconstruí-lo.
Na pós-modernidade vivenciamos uma “Sociedade da Informação” comandada pelo “fast-food do conhecimento”, a cada momento lemos imagens e textos diferentes no site da UOL, Folha de São Paulo, Veja e telejornais.
A Filosofia ganhou “identidade” como área do conhecimento e é constantemente banalizada pelos meios de comunicação e pela Industria Cultural.
Assistimos a pseudo-filosofia dos programas do “Fantástico” da Rede Globo de Televisão, que utilizando o recurso da superexposição do conteúdo faz com que o nosso aparato psicocerebral arquive sem sintetizar e/ou analisar as indagações presentes.
A Industria Cultural “democratizou” as artes (música, letras, dança, imagens) de maneira pérfida que a fez perder seu aspecto de incentivar a reflexão intensiva de leitura de mundo presente na significação da obra, lemos por prazer, vemos filmes para relaxar, ouvimos música para descansar e vamos a museus como se estivéssemos indo ao parque ou ao clube.
Apelamos para livros de auto-ajuda, horóscopos, Torah, cartomantes e escritos bíblicos buscando sentidos efêmeros para a vida.
A Revolução Industrial traiu os que imaginavam que com o avanço tecnológico as ciências entenderiam o hieróglifo do existencialismo e transformaria o meio ambiente para o bem da humanidade encontrando o elixir da vida eterna. Engano. O mundo foi marcado pelo Auschwitz de Adolf Hitler e o Gulag stanilista; doenças, apartheid, darwinismo social, guerras civis e fome na África; Ditaduras na América Latina; Massacres étnicos e culturais na Bósnia Hesergovina, articulado por Slobodan Milosevic; Milhões de civis mortos em Laos, Camboja, Vietnã; As bombas atômicas de Hiroxima e Nagasáqui; O meio ambiente sendo atrofiado, o discurso ecológico de Chico Mendes foi para o limbo do pântano social junto com o final da minissérie “Amazônia” da Rede Globo que pouco contribuiu; Ônibus no Rio sendo queimados; PCC e MST; Nunca na historia passamos por tantos problemas psicológicos; O assombro do Oriente Médio e do Presidente George W. Bush.
Estamos vivendo em um Manicômio.
No mito da caverna platônica.
Mas devemos lembrar das palavras de Sartre: “O importante não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele.”
É ai que o discurso filosófico surge em uma linguagem poética, em constante analogia e metalinguagem (daí sua característica hermética).
A palavra “Filosofia” é etimologicamente grega philo “relação amorosa” e Sophia “sabedoria”, daí a sua característica a Hélade, todavia sua origem só foi possível com os conhecimentos desenvolvidos pelos chineses, hindus, japoneses, árabes, persas, hebreus, africanos, caldeus, fenícios.
Vivemos em um mundo simulacro (construção superficial da realidade, um mundo estereotipo), segundo Nietzsche devemos passar para o mundo das ilusões que é o mundo verdadeiro, o mundo das sensações, que não se prende a nenhuma ordem metafísica e está em constante metamorfose. Para isso temos que nos lançar na peripécia.
Sem niilismo.
Estudando: Metafísica, Razão, Verdade, Conhecimento, Ciência, Ética, Política, Arte, Técnica, Religião, História e Lógica.
Para entender o mundo Dialético de que fala Hegel, é necessário toda uma relação de pedagogia com o mundo. Transformar techené em episteme.
Aprender a Aprender e Pensar o que outrem Pensou.
Filosofia é a construção subjetiva (?) culturalmente (?) artística (?) em constante mutação (?) ontológica (?) sui generis (?) do homem (?). Ela esta no ergástulo da nossa essência anímica. Como diria Clarice Lispector: “Ainda que seja uma compreensão que não possa ser expressa por palavras, que seja aquilo que chamo de compreensão por osmose, passa de pele para pele”.
As mais simples interpretações exigem uma construção faraônica como a esfinge de Gizé: “Decifra-me ou Devoro-te”, mas deve ser destruída como se quebra um biscoito, por isso o pensamento filosófico está sujeito aos mais hecatômbicos erros e as interpretações mais fatídicas e medíocres, é a flexibilidade.
Diante do Oráculo de Delfos onde se encontra escrito: “Nosce te ipsum” (Conheci-te a ti mesmo) Sócrates disse a celebre frase percussora da Filosofia: “Só sei que nada Sei”.
O filosofo deve praticar introspecção constante, sua auto-leitura.
Filosofe-se.
Para Descartes: “A Filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes com as quais ficam menos submetidos às forças naturais, as intempéries e aos cataclismos.”
Para Espinosa: “A Filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade”.
Diante da significação do mundo o filosofo mantém duas posturas:
a) virgindade diante do signo, pois a construção sociocultural do sujeito exerce uma reflexão preconceituosa do mundo. Pois existe uma re-significação subjetiva.
b) constrói “dobraduras” diante do signo, utilizando toda uma leitura de mundo para entendê-lo. Pois texto vem do latim textum, “aquilo que foi tecido”.
A Filosofia é onisciente.
Ela entende a liberdade como supremo bem do homem. Segundo Rousseau: “O homem nasceu livre, e por toda a parte geme agrilhoado; o que julga ser senhor dos demais é de todos o maior escravo”.
Suas indagações existem no professor mais emérito Honoris Causa de Sorbone como no jovem adolescente leitor.
O Filosofo é a maior vitima que existe, para Erasmo de Rotterdam: “Já prevejo que não faltaram detratores para insurgir-se contra minha loucura, acusando-a de frivolidade indigna de um teólogo, de sátira indecente para a moderação cristã”.
Nesse sentido nas palavras de Marilena Chauí: “Se abandonar a ingenuidade do senso comum for útil; se não se deixar guiar pelas idéias pelas idéias dominantes e pelos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se compreender o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e a nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa pratica que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil; então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que o seres humanos são capazes”.
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